quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

SOLENIDADE DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS

(Oitava do Natal - 1 de janeiro)
Maria guardava cuidadosamente todos estes fatos e meditava sobre eles no seu coração”.
Leituras: Nm 6, 22 – 27; Gl 4, 4 -7; Lc 2, 16 – 21
No oitavo dia da solenidade do Natal, no cume, por assim dizer, do dinamismo vital com que o Espírito Santo fecundou a Bem-Aventurada Virgem, a Igreja contempla e celebra na fé e na alegria o mistério de Maria, Mãe de Deus e Mãe da Igreja e da nova humanidade renascida em Cristo. 
Durante o tempo do Advento, a liturgia ficou repetindo todos os dias a saudação do anjo: “Maria, alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor está contigo; és bendita entre todas as mulheres da terra” (Liturgia das Horas: Antífona da Hora média; cf Lc 1, 28; 42). 
A virgem Maria é saudada pelo anjo, e celebrada pela Igreja, como aquela que de maneira única está portando no seio e irradia ao redor de si mesma a graça de Deus feita pessoa, o Filho do Altíssimo que já no seu próprio nome, Jesus, indica sua profunda identidade e sua missão: revelar a benevolência do Pai, salvar e resgatar do mal toda a humanidade e abrir novamente para ela o caminho para a casa do Pai. Maria, Mãe de Deus, participa também na geração da nova humanidade, cujas primícias é a pessoa do próprio Jesus (cf. Rm 5, 15-19). 
Deus continua seguindo o critério da simplicidade, da fraqueza, do “esvaziamento” (cf. Fil 2, 6-11); critério este, escolhido desde o início para se manifestar e atuar na história. Ele suscita a resposta livre da fé por parte de todos os parceiros que chama para colaborar na sua obra redentora. Assim como fez com Abraão, pai dos crentes, com os patriarcas e com os profetas, do mesmo modo atua com Maria e com José. Ao cumprir-se o tempo estabelecido por Deus de realizar seu projeto de salvação, não envia seu Filho do céu, em maneira espetacular, mas Ele “nasce de mulher” como todo homem, e está inserido na história gloriosa e ambígua do povo de Israel, destinatário primeiro da aliança e portador da esperança para todos os povos (cf. 2ª leitura - Gl 4, 4-5). 
O lugar onde se cumprem as promessas de Deus e se manifesta a sua potência que salva não é a nobre cidade de Jerusalém, nem o lugar sagrado do templo, mas o menino recém-nascido, deitado numa manjedoura. Somente os pobres e os simples de coração, afinados com Deus, como os pastores, conseguem receber o surpreendente anúncio do céu e acreditar nele. Os pastores de Belém representam os pobres de todos os tempos, no solícito caminho rumo ao menino, assim como na capacidade de reconhecer com estupor no recém nascido da manjedoura, o Salvador esperado pelo povo e anunciado pelos anjos. Pela luz interior que os acompanha, eles se tornam “anunciadores da boa nova” até para aqueles que se encontram junto do menino, suscitando maravilha mesmo nos pais dele (Lc 2, 16-18). 
Para todos os efeitos, Jesus, o Filho do Pai, é também o filho do seu povo, da experiência humana, espiritual e cultural de sua gente, do seu tempo. O papa João Paulo II, na sua histórica visita à sinagoga de Roma (1986), quis lembrar a todos os cristãos que os judeus são nossos “irmãos maiores”, e que desta carne nasceu Jesus. Ao seguir a novidade produzida pelo próprio Jesus, não podemos esquecer as raízes judaicas da experiência cristã. É a fidelidade ao mistério da Encarnação que exige de nós tal atenção. O esquecimento desta perspectiva não é estranho aos devastadores critérios que ao longo dos séculos marcaram infelizmente as relações entre cristãos e judeus, até a Shoa, o holocausto do povo judeu, ocorrido no século passado. 
Neste povo e nesta história santa o menino Jesus é inserido plenamente com o rito simbólico da circuncisão ao oitavo dia depois do nascimento, - como lembra o Evangelho de hoje - quando recebe o “nome” escolhido por Deus e preanunciado pelo anjo. Assim como acontecia nos tempos de Jesus, ocorre ainda hoje no povo de Israel a circuncisão com os meninos recém-nascidos. 
Os profetas (cf Jr 4,4), assim como o Novo Testamento, reivindicam a dimensão interior da circuncisão, a “circuncisão do coração”, enquanto sinal da aliança e da fidelidade ao Senhor. Paulo ensina com vigor que a autêntica circuncisão que faz o verdadeiro Israel, é a do coração (cf Rm 2, 25 - 27;  Gl 5,5). Por isso a profissão de fé em Jesus e o batismo, desde muito cedo, irão substituir o sagrado e antigo rito judaico para os discípulos de Cristo, o realizador da nova aliança. Mas o apóstolo admoesta sempre que somente uma vida animada e guiada pelo Espírito de Cristo, faz dos discípulos, autênticos “circuncidados no coração” e “batizados” no Senhor.
A este mundo humano e espiritual Jesus é introduzido gradualmente por Maria e José, aos quais fica submetido em filial obediência, enquanto cresce em vigor físico e sabedoria espiritual, e ao mesmo tempo vai abrindo seu próprio caminho para cumprir sua vocação e missão pessoal ao serviço do Pai.  
Na Sagrada Família, como em toda família que acredita no Senhor, todos juntos e cada um de parte sua, Maria, José e Jesus, estão aprendendo dia após dia seu caminho, buscando descobrir e seguir a vontade de Deus. À materna preocupação manifestada por Maria ao encontrá-lo no templo de Jerusalém três dias depois ter se afastado da família, Jesus responde: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai? Eles, porém, não compreenderam a palavra que ele lhes dissera. Desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua mãe, porem, conservava lembrança de todos estes fatos em seu coração” (Lc 2, 49-51). A maternidade de Maria é dom sublime de Deus. Mas é também uma aprendizagem progressiva na fé e no amor, que alcançará sua plenitude aos pés da cruz, quando o próprio Jesus entregará a ela como um filho, no discípulo amado, toda a humanidade, e esta, por sua vez, será entregue pelo Senhor à Maria, que nesse instante será uma Mãe para todos (cf Jo 19, 25 – 27). 
O evangelista Lucas destaca com insistência a atitude interior de Maria - com certeza partilhada também por José - frente aos acontecimentos da vida. Ela continua, por assim dizer, o processo de gestação e interiorização da Palavra que tinha concebido em si mesma por obra do Espírito Santo na plena disponibilidade da fé e que agora não cessa de interpelá-la. Esta atitude de silêncio meditativo, de contemplação cheia de perguntas sem respostas imediatas e de entrega confiante ao mistério de Deus, acompanhará Maria ao longo da sua vida junto de Jesus, nos momentos alegres e nos momentos problemáticos e tristes (Lc 2, 51; Mt 12,48-50), até os pés da cruz. 
Por esta atitude de escuta, silêncio e entrega confiante a Deus, a Virgem Maria se torna as primícias do reino de Deus e exemplo da Igreja inteira e de todo discípulo e discípula de Jesus. É o próprio Jesus a nos oferecer esta perspectiva cheia de fascínio para aqueles que acreditam nele: “Jesus respondeu àquele que o avisou: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E apontando para os discípulos com a mão, disse: Aqui estão minha mãe e meus irmãos, porque aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe” (Mt 12, 48-50).  
Gostaria partilhar algumas reflexões de Santo Agostinho sobre estas palavras de Jesus, reflexões com que ele une de maneira admirável no mesmo caminho de fé a Virgem Maria, a Igreja e cada um de nós. 
“Prestai atenção, rogo-vos – diz o grande doutor da Igreja – naquilo que Cristo Senhor diz, estendendo a mão para os discípulos... Acaso não fez a vontade do Pai a virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu?... Sim! Ela o fez! Santa Maria fez totalmente a vontade do Pai e por isso mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo. Assim Maria era feliz porque, já antes de dar à luz o mestre, trazia-o na mente....Santa Maria, feliz Maria! Contudo, a Igreja é maior que a Virgem Maria. Por quê ? Porque Maria é porção da Igreja, membro santo, membro excelente, membro super-eminente, mas membro do corpo total....Portanto, irmãos, dai atenção a vós mesmos. Também vós sois membros de Cristo. Vede de que modo o sois. Diz: Eis minha mãe e meus irmãos...Como sereis mãe de Cristo? “Todo aquele que ouve e faz a vontade do meu Pai que está nos céus, este é meu irmão e irmã e mãe ” (Sermão 25,7-8; LH IV, 1466-67).
Maria foi eleita e chamada por graça a dar sua própria carne ao Filho de Deus para ele realizar sua missão de Salvador para todos os homens e mulheres. Na sua resposta de fé e de entrega incondicionada a Deus, Maria primeiro realiza aquela atitude interior que, nas palavras do próprio Jesus, constitui a condição para fazer de todo discípulo e discípula, a exemplo de Maria, o seio fecundo onde a Palavra de Deus é acolhida e se torna principio vital da nova existência animada pela fé. 
O mesmo Espírito que fecundou a virgindade de Maria fecunda a fé da Igreja e a faz mãe fecunda, capaz de gerar filhos e filhas com a pregação da Palavra, a experiência pascal dos sacramentos e a proximidade do amor. 
Admirável Natal! Nós, os renascidos à vida do Pai como filhos e filhas adotivos no Filho, pelo dom do Espírito que nos anima (2ª leitura – Gl 4, 5-7), somos inseridos em tamanha intimidade com Jesus, que nos tornarmos seus irmãos, irmãs, e mesmo sua mãe! Capazes, por graça, de fazê-lo nascer a cada dia em nós para que nós possamos viver sempre mais nele e para ele, até partilhar com o apóstolo a admirável experiência da plena conformação com ele: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). 
Estas afirmações, que vêm da Escritura, dos Padres da Igreja e da Liturgia, talvez soem um pouco surpreendentes aos nossos ouvidos. Talvez sejamos tentados a reduzi-las como lindas e sugestivas expressões poéticas, destinadas a acariciar nossa sensibilidade estética e nossa emotividade devota. Pelo contrário, nos deixam vislumbrar o coração do mistério do amor de Deus e do seu esvaziamento que nos introduzem de novo no caminho da vida e da verdade. Deixam-nos vislumbrar o mistério da fecundidade insondável da fé de Maria e da fecundidade da Palavra de Deus no coração de todo discípulo e discípula de Jesus, quando a recebem e a guardam com fé. Oferecem-nos as razões mais profundas e o caminho mais certo para alimentar e guiar nosso culto e nosso amor filial a Maria, nossa irmã e mãe na fé, na esperança e na caridade. 
O povo cristão desde o início, com a intuição simples e profunda da sua fé, percebeu e honrou na virgem Maria, a Mãe de Deus e do Redentor, e a Mãe da Igreja. É como se exprime o Concílio Vaticano II: Maria foi e “é saudada também como membro super-eminente e de todo singular da Igreja, como seu tipo e modelo excelente na fé e caridade. E a Igreja católica, instruída pelo Espírito Santo, honra-a com afeto de piedade filial como Mãe amantíssima” (LG 53). 
A constituição Lumen Gentium do Concílio Vaticano II, no capítulo 8º, nos oferece uma maravilhosa síntese da fé e da piedade da Igreja do Oriente e do Ocidente sobre a “Bem-aventurada virgem Maria Mãe de Deus no mistério de Cristo e da Igreja”. Um tesouro ainda por descobrir, junto com outra mina preciosa, rica da linfa vital da tradição e de elementos novos, constituída pela liturgia renovada pelo Concílio e dedicada às celebrações de Santa Maria. 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Catequese do Papa: Natal, “lugar” em que tudo começou


Apresentamos, a seguir, a catequese dirigida pelo Papa aos grupos de peregrinos do mundo inteiro, reunidos na Sala Paulo VI para a audiência geral.
Queridos irmãos e irmãs:
Com esta última audiência antes das festas do Natal, nós nos aproximamos, trêmulos e cheios de admiração, do "lugar" onde tudo começou por nós e para a nossa salvação, onde tudo encontrou seu cumprimento, onde se encontraram e se cruzaram as esperanças do mundo e do coração humano com a presença de Deus.
Podemos, desde já, saborear a alegria por essa pequena luz que se vislumbra, que, da gruta de Belém, começa a se espalhar por todo o mundo. No caminho do Advento, a liturgia nos convidou a viver, esteve conosco para acolher com disponibilidade e gratidão o grande acontecimento da vinda do Salvador e para contemplar, maravilhados, sua entrada no mundo.
A alegre esperança, característica dos dias que precedem o Santo Natal, é certamente a atitude fundamental do cristão que anseia por viver com fruto o renovado reencontro com Aquele que vem habitar entre nós: Cristo Jesus, o Filho de Deus feito homem. Voltamos a encontrar esta disposição do coração e a tornamos nossa, naqueles que em primeiro lugar acolheram a vinda do Messias: Zacarias e Isabel, os pastores, as pessoas simples e, especialmente, Maria e José, que experimentaram em primeira pessoa o tremor, mas sobretudo a alegria pelo mistério deste nascimento. Todo o Antigo Testamento é uma única grande promessa, que deveria ser realizada com a vinda de um salvador poderoso. Disso dá testemunho em particular o livro do profeta Isaías, que nos fala dos sofrimentos da história e de toda a criação por uma redenção destinada a voltar a dar novas energias e nova orientação ao mundo inteiro. Assim, junto à espera dos personagens das Sagradas Escrituras, encontra espaço e significado, ao longo dos séculos, também a nossa espera, a que nestes dias estamos vivendo e que nos mantém em pé durante todo o percurso da nossa vida. Toda a existência humana, de fato, é incentivada por este profundo sentimento, pelo desejo de que o mais verdadeiro, o mais belo e a maior realidade que entrevimos e intuímos com a mente e com o coração, possa vir ao nosso encontro e tornar-se concreto diante dos nossos olhos, voltando a levantar-nos.
"Eis que chega o Senhor dos senhores: seu nome será Emanuel, o ‘Deus conosco'" (Antífona de entrada, Missa de 21 de dezembro). Muitas vezes, nestes dias, repetimos estas palavras. No tempo da liturgia, que volta a atualizar o mistério, já está à porta Aquele que vem para nos salvar do pecado e da morte, Aquele que, depois da desobediência de Adão e Eva, volta a nos abraçar e abre para nós o acesso à verdadeira vida. Santo Irineu explica isso em seu tratado "Contra as Heresias", quando diz: "O próprio Filho de Deus veio ‘em carne semelhante à do pecado' (Rm 8,3) para condenar o pecado e, após tê-lo condenado, excluí-lo completamente do gênero humano. Chamou o homem à semelhança consigo mesmo, fez dele imitador de Deus, colocou-o no caminho indicado pelo Pai, para que ele pudesse ver Deus e o oferecesse em dom ao próprio Pai" (III, 20, 2-3).
Vemos aqui algumas ideias preferidas de Santo Irineu, que Deus com o Menino Jesus nos chama à sua semelhança. Vemos como Deus é. E, assim, recorda que devemos ser semelhantes a Deus. E que devemos imitá-lo. Deus se entregou, Deus se entregou em nossas mãos. Devemos imitar Deus. E, finalmente, a ideia de que, assim, podemos ver Deus. Uma ideia central de Santo Irineu: o homem não vê Deus, não pode vê-lo, e assim está na escuridão sobre a verdade, sobre si mesmo. Mas o homem, que não pode ver Deus, pode ver Jesus. E, assim, vê Deus, assim começa a ver a verdade, assim começa a viver.
O Salvador, portanto, vem para reduzir à impotência a obra do mal e tudo o que ainda pode nos manter afastados de Deus, para restituir-nos o antigo esplendor e a paternidade primitiva. Com sua vinda entre nós, Ele nos indica e atribui também uma tarefa: precisamente a de ser semelhantes a Ele e tender à verdadeira vida, de chegar à visão de Deus no rosto de Cristo. Santo Irineu afirma novamente: "O Verbo de Deus habitou entre os homens e se tornou o Filho do homem, para habituar o homem a compreender Deus e para habituar Deus a fazer sua morada no homem segundo a vontade do Pai. Por isso, Deus nos deu como 'sinal' da nossa salvação Aquele que, nascido da Virgem, é o Emanuel" (ibid.). Também aqui há uma ideia central belíssima de Santo Irineu: temos de nos acostumar a perceber Deus. Deus é normalmente afastado das nossas vidas, das nossas ideias, do nosso agir. Ele veio a nós e temos de nos acostumar a estar com Deus. E, de forma audaz, Irineu se atreve a dizer que Deus também tem de se acostumar a estar conosco e em nós. E que Deus talvez devesse nos acompanhar no Natal, acostumar-nos com Ele, assim como Deus tem de se acostumar conosco, com nossa pobreza e fragilidade. A vinda do Senhor, portanto, não pode ter outro propósito além de ensinar-nos a ver e a amar os acontecimentos, o mundo e tudo que nos rodeia, com o mesmo olhar de Deus. O Verbo que se fez Menino nos ajuda a compreender como Deus age, para que sejamos capazes de deixar-nos transformar cada vez mais pela sua bondade e pela sua infinita misericórdia.
Na noite do mundo, deixemo-nos ainda surpreender e iluminar por este ato de Deus, que é totalmente inesperado: Deus se faz Menino. Deixemo-nos surpreender, iluminar pela Estrela que inundou o universo de alegria. Que o Menino Jesus, ao chegar até nós, não nos encontre despreparados, empenhados apenas em tornar mais bonita e atraente a realidade externa. Esse cuidado que temos em tornar mais resplandecentes nossas ruas e nossas casas nos leve ainda mais a predispor a nossa alma para o encontro com Aquele que virá nos visitar. Purifiquemos nossa consciência e nossa vida do que é contrário a essa vinda: pensamentos, palavras, atitudes e atos, impulsionando-nos a fazer o bem e a realizar neste nosso mundo a paz e a justiça para cada homem e a caminhar, assim, ao encontro do Senhor.
Um símbolo característico da época do Natal é o presépio. Também na Praça de São Pedro, segundo o costume, ele já está quase pronto e se volta idealmente a Roma e ao mundo inteiro, representando a beleza do mistério de Deus que se fez carne e habitou entre nós (cf. Jo 1, 14). O presépio é uma expressão da nossa espera, de que Deus se aproxime de nós, de que Jesus de aproxime de nós, mas também da ação de graças Àquele que decidiu partilhar nossa condição humana, na pobreza e na simplicidade. Fico feliz porque permanece viva, e até está sendo redescoberta, a tradição de preparar o presépio nas casas, locais de trabalho, lugares de encontro. Que este testemunho de fé cristã possa oferecer ainda hoje, para todos os homens de boa vontade, um ícone evocativo do amor infinito do Pai por todos nós. Que os corações das crianças e dos adultos ainda possam ser surpreendidos diante dele.
Queridos irmãos e irmãs, que a Virgem Maria e São José nos ajudem a viver o mistério do Natal com renovada gratidão ao Senhor. Em meio ao ritmo frenético de hoje, que esta época nos dê um pouco de calma e alegria e nos faça chegar a tocar a bondade do nosso Deus, que se faz Menino para nos salvar e dar um novo impulso e uma nova luz ao nosso caminho. Este é o meu desejo de um santo e feliz Natal: eu o dirijo com carinho a todos vós, aqui presentes, aos vossos familiares, especialmente aos doentes e aos que sofrem, assim como às vossas comunidades e vossos entes queridos.

No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:
Queridos irmãos e irmãs:
No tempo próprio da Liturgia, que atualiza o mistério, está para chegar o Deus Menino, nosso Salvador: Aquele que, depois da desobediência de Adão e Eva, nos abraça de novo e abre o acesso à vida verdadeira. Ele vem para reduzir à impotência a obra do maligno e tudo aquilo que nos faz andar longe de Deus. O Verbo feito menino ajuda-nos a compreender o modo de agir de Deus, para sermos capazes de nos deixar transformar pela sua bondade e misericórdia infinita. A sua vinda serve para nos ensinar a ver e a amar os acontecimentos da vida, o mundo e tudo aquilo que nos rodeia com os próprios olhos de Deus. No meio da atividade frenética dos nossos dias, possa este tempo natalício trazer-nos um pouco de calma e tanta alegria, fazendo-nos sentir a bondade do nosso Deus que Se faz menino para nos salvar e dar nova coragem e nova luz ao nosso caminho.
Amados peregrinos de língua portuguesa, a minha cordial saudação de boas vindas para todos, com votos de um santo Natal, portador das consolações e graças do Deus Menino: nos vossos corações, famílias e comunidades, resplandeça a luz do Salvador, que nos revela o rosto terno e misericordioso do Pai do Céu. Em seu Nome, eu vos abençoo, pedindo a Deus um Ano Novo sereno e feliz para todos.

Fonte: Zenit

Ano Novo e a Cultura de Pentecostes

Na visão de muitos antropólogos, o homem possui uma necessidade de viver em ciclos, com marcos que possam estabelecer noções de términos e reinícios. Na tradição da cultura ocidental, no entanto, o tempo apresenta-se de forma linear e momentos como a "passagem de ano", por exemplo, parecem sugerir espontaneamente um "recomeçar a vida", num esforço de manifestar esse desejo cíclico do ser humano.
A passagem de ano é um momento em que “fim e começo” parecem se tocar. Nesse momento há um despertar da esperança no homem, um desejo de recomeçar a vida, os projetos, os sonhos. O clima celebrativo e de forte conotação emotiva tem conotação mágica. É em meio à necessidade de fazer uma revisão da etapa anterior e da prospectiva da etapa seguinte, e envolvidos por votos de felicidade, paz, amor etc., que surgem as promessas: eu prometo que este ano vou deixar este vício, emagrecer, estudar, economizar mais, vou ser melhor, vou rezar mais, amar mais, e por aí vai...  Poderíamos chamar isso de síndrome de fim de ano. 
 
Esse assunto é tão presente no comportamento da sociedade, atualmente, que diversos programadores desenvolveram sites que pudessem "ajudar" as pessoas a decidirem sobre suas novas promessas... O psicólogo britânico Richard Wiseman realizou uma pesquisa sobre essas promessas de final de ano e sugere que apenas 10% das pessoas conseguem cumprir com as resoluções definidas no fim do ano. Não obstante, as promessas, novas ou renovadas, continuam sendo feitas. As promessas humanas parecem ser tão duráveis quanto o som e o brilho dos fogos.  As explosões dos “fogos” no céu acabam se tornando testemunhas de promessas humanas que cairão no esquecimento e não conseguirão ser cumpridas.
 
Mas, e nós, carismáticos, às portas de um novo ano que surge e envolvidos pelo desejo de moldar a Cultura de Pentecostes em nosso tempo, qual deve ser a nossa atitude nesse momento tão significativo para a sociedade ocidental? 
 
Fazer “promessa” ou permitir que a promessa se cumpra?
 
O verbo latino promittere (prometer) significa pro= à frente + mittere= enviar, mandar, emitir. Nesse sentido, pode-se traduzir como "enviar adiante, mandar à frente", ou ainda "levar a esperar".  Prometer é comprometer-se a dar mais tarde. Diante de um grande desejo, a promessa "dá esperança" e propõe um compromisso.
Na Bíblia encontram-se mais de 8,5 mil promessas, sendo que aproximadamente 85% dessas promessas são feitas pelo próprio Deus ao homem. Cerca de mil promessas encontradas na Bíblia são feitas de uma pessoa para a outra. Há promessas feitas do homem a Deus, pelos anjos ao homem, de Jesus aos discípulos etc. Na verdade, podemos até nos referir à Bíblia como um livro de promessas e cumprimento. Muitas promessas cumpridas, outras se cumprindo atualmente e, ainda, outras que se cumprirão a seu devido tempo.
O Magistério nos ensina que "em várias circunstâncias, o cristão é convidado a fazer promessas a Deus. O Batismo e a Confirmação, o Matrimônio e a Ordenação sempre as contêm. Por devoção pessoal, o cristão pode também prometer a Deus este ou aquele ato, oração, esmola, peregrinação etc." (Catecismo 2101).
Para uma autêntica Cultura de Pentecostes na qual os comportamentos são resultantes de uma vida no Espírito, somos convidados a ter atitudes novas, também e especialmente num momento tão celebrativo e significativo como a passagem de ano. No entanto, ao invés de formular novas promessas fundadas no forte impacto emocional do momento, não seria uma nova e bela atitude comprometer-se em assumir as promessas, profecias e direcionamentos dados por Deus a nós? Esse não seria um momento propício para dizer aquele faça-se em mim segundo a Tua Palavra como fez Maria, Mãe de Jesus? Aliás, o dia 1º de janeiro, dia da Santa Mãe de Deus, oferece-nos a oportunidade de recordar-nos daquela que não se preocupou em fazer promessa, mas que permitiu em sua vida a realização da Promessa esperada desde a antiguidade!
Esta é uma boa hora para dizer "Sim!". Sim aos planos de Deus, e não às nossas vaidades e projetos pessoais. Sim à Palavra de Deus que pode gerar em nós a Vida nova, tão desejada nesse momento! Sim ao Amor de Deus que nos transforma para sermos pessoas melhores, mais humanas, mais santas!
Enquanto as luzes dos fogos iluminam a noite, aqueles que assumem o batismo no Espírito Santo deveriam trazer consigo o desejo de terem suas almas iluminadas pelo Espírito de Deus. Devem cantar "a nós descei, Divina Luz!", como quem reconhece a necessidade da claridade divina para não cair nas trevas do pecado. Deve-se reconhecer a necessidade da graça de Deus para se conseguir cumprir a própria vocação durante todo o novo ano, pois a graça de Deus nunca passará.
Compromisso com a Cultura de PentecostesPara dar forma à Cultura de Pentecostes, a nossa principal missão é "tornar o Espírito Santo conhecido e amado", segundo a orientação de João Paulo II. Da Renovação Carismática Católica não se deve esperar promessas, mas adesão às promessas de Deus! Atitudes de colaboração para a concretização das promessas de Deus em nosso tempo. "Derramarei o meu Espírito sobre todo ser vivo" (Jl 3,1). No coração de cada carismático, o réveillon deve configurar-se como um Novo Pentecostes. É uma excelente hora para apresentar os melhores frutos de evangelização do ano que terminou e aproveitar para encher as mãos de novas sementes da Palavra para serem lançadas, ao longo do ano, em cada canto de nosso país. E aqueles que não "apanharam nada durante o ano todo" devem dizer como Pedro a Jesus: "Confiantes na Tua Palavra, lançaremos a rede!" novamente (Lc 5,5).
Recomeçar, reconstruir!Para a atualização da Cultura de Pentecostes necessitamos de testemunhas autênticas. Temos como primeiro e mais perfeito modelo de testemunha, Maria, Mãe de Jesus. Ela é testemunha do nascimento, do ministério, morte e ressurreição de Jesus. É testemunha de Jesus e é também testemunha do Espírito Santo. Foi por meio do Espírito que Maria concebeu, e quando Ele se manifestou no dia de Pentecostes ela estava lá com os discípulos. Maria torna-se o protótipo da Cultura de Pentecostes.
Hoje, como "participantes da promessa em Jesus Cristo pelo Evangelho" (Ef 3,6), enquanto nos despedimos de um ano que entrará para a história da RCC pelo tanto de promessas de Deus realizadas na vida desse Movimento, tornamo-nos testemunhas oculares e ativas de tão grande e atual graça. Mais do que fazer novas promessas, devemos continuar assumindo o compromisso de sermos protagonistas para a civilização do amor, que somente poderá ser fecundada por meio da Cultura de Pentecostes estabelecida em nosso tempo.
Que Maria nos ensine a dizer Sim e a fazer tudo o que Jesus nos disser, neste novo ano!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal

A Associação Leão de Judá, deseja a todos os servos, participantes, coordenadores, diretores e amigos,
um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo cheio de Paz, Alegria e Harmonia e principalmente, fé.
Muito Obrigado a Todos que nos ajudaram neste ano de 2010!!!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Confraternização - 2010











quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós!

Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós!

Como o Filho de Deus viria ao mundo através do sim de uma mulher que não estivesse livre de todas as manchas do pecado? Assim como tomamos todo o cuidado com o Cristo Eucarístico e seus tabernáculos, como o Pai não iria preocupar-se com aquela que viria a trazer em seu ventre o Seu próprio Filho?
O dia 8 de dezembro de todos os anos é dedicado a celebrar esta devoção tão popular e antiga da Igreja Católica, a da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria, que afirma que Maria foi concebida, desde o ventre de sua mãe, Santa Ana, sem pecado original, e permaneceu sua vida inteira sem a mancha de qualquer pecado pessoal.
Neste mesmo dia do ano, em 1854, o papa Pio IX, por meio da bula Ineffabilis Deus, declarou isto – antes uma devoção popular - como dogma da Igreja. Diz a bula: “Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que sustenta que a Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua concepção, foi por singular graça e privilégio de Deus onipotente em previsão dos méritos de Cristo Jesus, Salvador do gênero humano, preservada imune de toda mancha de culpa original, foi revelada por Deus, portanto, deve ser firme e constantemente crida por todos os fiéis” (DZ 2803).
Guardava e meditava em seu coração
Maria é modelo de entrega e oração. Assim como ela guardava as coisas de Deus em seu coração e as meditava, também podemos fazer isto. Dessa maneira, seremos mais próximos de Jesus, mais amigos de Deus.
Aproveitemos as práticas espirituais do projeto Amigos de Deus e vamos celebrar este dia mariano fazendo a récita do Santo Rosário. Confira neste link os subsídios do projeto.
Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós!
Natal é tempo de maior intimidade com o Senhor

O nosso Deus é Emanuel, Deus conosco. Veio ao nosso encontro. E os festejos natalinos são o resumo deste grande mistério.
Mas também o final de ano é um período no qual fazemos um balanço daquilo que foi vivido nos últimos 365 dias. Luis César Martins, coordenador da RCC Paraná que foi pioneira no projeto Amigos de Deus, nos lembra muito bem das graças que recebemos neste 2010: um tempo de construção e reconstrução, de abundância. Nossa casa entrou na etapa das obras. “Precisamos olhar tudo o que o Senhor fez em nosso meio neste ano e dar glórias e louvores a Deus”, diz.
Para que nosso Movimento esteja cada vez mais fortalecido, precisamos, segundo Martins, reparar as brechas de nossas muralhas espirituais. “Essas brechas, o Senhor quer fechá-las, quer repará-las, e é para isso que o Senhor suscita na Renovação do Brasil o projeto Amigos de Deus”, explica.
A intenção desse projeto é que os servos da RCC voltem a vivenciar as práticas espirituais, que há muito haviam sido negligenciadas. “Eu tenho certeza absoluta, irmãos, se deixarmo-nos dirigir pelo Espírito e vivenciarmos as práticas espirituais, a reconstrução que o Senhor chama a Renovação Carismática a realizar será bem sucedida”, afirma o responsável pelo Amigos de Deus.
Motivos para interceder neste tempo de NatalMartins ainda sugere algumas intenções que os carismáticos possam utilizar durante suas orações. Confira:
“Quero aproveitar também e pedir a sua intercessão neste tempo de Natal, que você possa colocar as práticas da sua espiritualidade na intenção de todo nosso povo, pela nossa conversão, pela conversão do nosso povo, de todo o Brasil. Pelas intenções da RCCBRASIL, pelas necessidades do Escritório Nacional, pelos projetos que temos que implantar no Brasil, pela construção da Nossa Sede. Que o Senhor Jesus possa fazer com que levante-se um povo profético no Brasil e que verdadeiramente o ano de 2011 seja um ano de colheita, porque nós vamos celebrar esta palavra: ‘Por causa da Tua Palavra, lançaremos as redes’. Eu tenho certeza, se nós nos rendermos ao Senhor na vivência verdadeira das práticas espirituais, teremos tempos de vitória em nosso Movimento, em nossa Vida e em nosso ministério.”

domingo, 12 de dezembro de 2010

Apresentação 2010 - Projeto Pequeno Gigante

Apresentação 2010  
Projeto Pequeno Gigante

Música







Teatro




Dança
























Coral